PLANTAS UTILIZADAS POR BENZEDORES EM QUILOMBOS DO MARANHÃO, BRASIL

  • Thauana Oliveira Rabelo Universidade Federal do Maranhão
  • Raimundo Inácio Souza Araújo Universidade Federal do Maranhão
  • Eduardo Almeida Jr. Universidade Federal do Maranhão

Resumen

Registrar o conhecimento de especialistas locais é de grande importância para a manutenção da sociobiodiversidade. Diante disso, o objetivo do estudo foi traçar o perfil socioeconômico dos benzedores e identificar as espécies vegetais de uso litúrgico e medicinal, sistematizando as indicações, formas de uso e partes utilizadas. A coleta de dados foi realizada no município de Anajatuba (MA), Nordeste do Brasil, e foram entrevistados 13 benzedores, a partir de entrevistas semiestruturadas, turnê guiada e coleta de material botânico. Todo o material coletado foi identificado e levado para incorporar ao acervo do Herbário MAR. Foram registradas 52 espécies, 48 gêneros e 31 famílias. As famílias mais representativas foram Lamiaceae (7 spp.) e Asteraceae (5 spp.). As espécies mais citadas foram pinhão roxo (Jatropha gossypiifolia L.), vassourinha (Scoparia dulcis L.), manjericão ou alfavaquinha (Ocimum basilicum L.) e erva cidreira (Melissa officinalis L.), sendo as duas primeiras para benzimentos e as outras duas medicinais. Enquanto a origem das espécies, a planta mais utilizada é nativa, mas se percebeu um número considerável de exóticas e algumas espécies ornamentais incomuns ás práticas de benzimento. A maioria das espécies foi obtida no quintal ou terrenos próximos, entretanto algumas sementes e frutas foram compradas na feira livre da cidade. Neste trabalho ficou evidente um número maior de benzedores do sexo masculino, isso pode ter relação com a cultura e herança religiosa do local. Percebemos uma presença forte das práticas do benzimento, mas um enfraquecimento da cultura com as novas gerações, além de alterações sutis nestes sistemas. É importante promover novos estudos na área e incentivar políticas públicas que atuem na conservação e valorização desses saberes.

Publicado
2022-08-19
Sección
Artículos en extenso