ANIMAIS MEDICINAIS UTILIZADOS POR DUAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DA MATA ATLÂNTICA, UBATUBA, SÃO PAULO, BRASIL

  • Fernanda Fragoso Universidade Federal de São Paulo, Brasil
  • Thamara Sauini Universidade Federal de São Paulo, Brasil
  • Ricardo J. Sawaya Universidade Federal do ABC, Brasil
  • Lucas Manfrim de Toledo Universidade Federal de São Paulo, Brasil
  • José Roberto Tarifa Universidade Federal de Rondonópolis UFR, Brasil
  • Eliana Rodrigues Universidade Federal de São Paulo, Brasil

Resumen

Estudos etnofarmacológicos têm sido realizados no Brasil. O presente estudo buscou registrar e comparar os conhecimentos envolvidos na relação “ser humano” e “animais medicinais” em duas comunidades quilombolas que ocupam uma área de Mata Atlântica em Ubatuba, SP, Brasil. Durante 122 dias, entre os meses de maio de 2016 e janeiro de 2018, foram selecionados 16 moradores conhecedores dos animais medicinais, sendo sete do Quilombo do Cambury (QC) e nove do Quilombo da Fazenda (QF), a partir de entrevistas informais e utilizando-se a metodologia “bola de neve”. Em seguida, foram aplicadas entrevistas não estruturadas e utilizadas técnicas de observação participante e diário de campo. A análise dos dados ocorreu tanto na perspectiva qualitativa, quanto na quantitativa. Foram registradas 48 receitas a partir de 30 animais medicinais: mamíferos, insetos, aves, répteis Squamata, quelônios, peixes e anfíbios, aracnídeos e moluscos. Dentre estes, 16 puderam ser identificados em nível de espécie. As 48 receitas envolvem 23 usos terapêuticos agrupados em sete categorias de uso medicinal: Processos Inflamatório, Sistema Respiratório, Sistema Nervoso Central, Acidentes com animais, Sistema Ocular, Sistema Gastrointestinal e Outras. A parte animal mais utilizada como medicamento foi a banha (24 receitas). Observaram-se dados superiores em relação aos números de animais, receitas e usos terapêuticos utilizados na medicina do QF em comparação ao QC. O desenvolvimento deste estudo contribuiu para o avanço da pesquisa etnofarmacológica de animais na Mata Atlântica, uma vez que até o momento poucos estudos dessa área do conhecimento foram desenvolvidos na região sudeste do Brasil.

Publicado
2022-04-27
Sección
Artículos en extenso