Entre mangues, rios e igarapés: pesca, comida e cultura no quilombo de Mangueiras (Ilha do Marajó, Pará)

  • Flávio Bezerra Barros Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares (INEAF), Universidade Federal do Pará. Rua Augusto Corrêa, Nº 1, Cidade Universitária José da Silveira Netto, Guamá, CEP: 66075-110, Belém, PA, Brasil.
Palabras clave: Sociobiodiversidade; antropologia da alimentação; povos tradicionais; Amazônia

Resumen

Esta pesquisa apresenta os saberes e as práticas culturais em torno da alimentação na comunidade quilombola de Mangueiras, Ilha do Marajó, Estado do Pará. O grupo social enfrenta transformações em suas práticas alimentares, ocasionadas pela diminuição de recursos naturais (peixes e mariscos), pela facilidade de acesso ao comércio da cidade e advento de políticas públicas de assistência do governo brasileiro. Os procedimentos metodológicos partiram de uma abordagem qualitativa com observação participante, entrevistas não diretivas, listagem livre e etnofotografia. Os recursos pesqueiros se mostraram essenciais para os preparos de comidas como peixes fritos, assados e cozidos, mujica de caramujo, torta de caramujo, caranguejo ao leite do coco, ensopado de turu. No entanto, observamos o incremento de alimentos processados, ocasionado por uma maior relação com a cidade e acesso aos programas sociais do governo federal brasileiro, como bolsa família, aposentadoria e seguro defeso. Mesmo com todas as transformações ocorridas, é notável que o modo que se prepara os alimentos ainda se mantém e algumas práticas alimentares persistem como forma de valorização da cultura e resistência. As novas realidades políticas e sociais do quilombo têm influenciado nas práticas produtivas e alimentares das famílias com consequências nos hábitos alimentares e na segurança e soberania alimentar.

Publicado
2019-12-16
Sección
Artículos en extenso